Nota: correção na projeção de casos de COVID-19 no Brasil a partir de dados da Universidade de Maryland e do Facebook.

No dia 31 de maio, publicamos artigo na Folha de São Paulo intitulado “Um Tsunami se aproxima” sobre a chegada de uma terceira onda de COVID-19 no Brasil. A análise foi feita com base em dados de usuários do Facebook, com a Universidade de Maryland, disponibilizado em plataforma do Conass com a Vital Strategies.

Tendências apontadas pela pesquisa tinham correlação direta com os casos notificados pelo Ministério da Saúde, como observado em 29 de março. No entanto, fomos informados pela equipe do Facebook ontem, dia 07 de junho, de que houve mudança na forma como a pesquisa foi realizada. 

Em resumo, o grande aumento nos casos de Covid projetados pela pesquisa do Facebook, embora tenha de fato acontecido, não ocorreu na magnitude anteriormente imaginada. Parte do aumento foi causado por uma alteração metodológica que gerou elevação na taxa de resposta da pesquisa. 

Em nosso artigo, apontamos que o país poderia chegar a 115 mil novos casos diários em junho, se a correlação entre a pesquisa e os dados reais se mantivesse constante (gráfico abaixo).

Agora, sabendo dessa alteração e corrigindo para usar a versão da pesquisa sem alteração metodológica (pesquisa de backup, que mantiveram para 20% dos usuários), este número é de 85 mil novos casos diários (simulação corrigida abaixo).

Embora menor que a projeção apontada, esse número ainda é o maior da série histórica, superando o pico de 29/03. Portanto, há nítida reversão de tendência de queda dos casos e aumento de pessoas com sintomas que superam o pico da segunda onda. A mensagem principal do artigo, portanto, se mantém.

A magnitude é menor, mas expressiva e preocupante. Diferentemente da onda anterior, hoje não temos mais estrutura para suportar um aumento de pacientes internados, pois UTIs já estão operando em capacidade máxima na maior parte do país, dada a mudança no perfil etário dos internados. Importante ressaltar que a pesquisa é válida e o alerta continua.

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