Evento Exclusivo

Confira um resumo do evento Lockdown no Brasil: as experiências de Araraquara e Belo Horizonte

Participantes:

Alexandre Kalil
Prefeito de Belo Horizonte – MG

Edinho Silva
Prefeito de Araraquara – SP

Quando:

terça-feira, dia 20/04, às 16h

Público:

gestoras e gestores públicos

A Impulso Gov, uma das organizações idealizadoras da plataforma CoronaCidades e do movimento #AbrilpelaVida, reuniu os prefeitos Alexandre Kalil (PSD), de Belo Horizonte, e Edinho Silva (PT), de Araraquara, para compartilharem os seus desafios na implementação de medidas restritivas para o enfrentamento da COVID-19 em seus municípios.

O encontro online ocorreu na terça-feira, dia 20, e foi acompanhado por gestoras e gestores públicos de todo o Brasil. 

No evento, os prefeitos reforçaram pontos como 1. A necessidade de basear as medidas em evidências, com o monitoramento diário da pandemia; 2. A importância do convencimento e do diálogo constante com diferentes setores da sociedade nesse processo; 3. O poder de uma comunicação transparente; 4. A percepção de que, mesmo do ponto de vista eleitoral, medidas mais rígidas podem ser compreendidas e contar com a adesão da população; 5. A certeza de que, atualmente, só existem duas armas contra a pandemia: medidas de distanciamento e vacina.

Na próxima quinta-feira, dia 29/04, o encontro online é com os governadores Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, e Flávio Dino, do Maranhão

Assista ao vídeo e confira um resumo dos principais pontos levantados no evento Lockdown no Brasil: as experiências em Araraquara e Belo Horizonte

O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, falou sobre como funciona o processo de tomada de decisão para a adoção de medidas mais ou menos restritivas no controle à pandemia na capital mineira.

“Em Belo Horizonte, nós criamos uma metodologia própria,  que chamamos de 3 velocímetros, [acompanhamos] a taxa de contaminação, ocupação de leitos e ocupação de UTIs. Estamos seguindo esse critério há um ano e dois meses. Se tivermos que ficar fechados durante 45 dias ou 50 dias, são os números que mandam. A virologia e a infectologia andam junto com a estatística e com a matemática e nos dão segurança. [Contamos] com corpo técnico de economistas e está provado que quem se preservou mais [da pandemia] saiu melhor na economia depois.  É isso que nós esperamos”, ressaltou Alexandre Kalil, prefeito de Belo Horizonte. 

Prefeito de Araraquara, Edinho Silva explicou como foi a decisão de realizar o lockdown na cidade, no início de 2021, para conter o avanço da nova cepa de Manaus no município paulista. 

De acordo com o prefeito do município de Araraquara, a decisão de impor medidas mais restritivas foi baseada em evidências e seguiu um processo fundamentado no diálogo com diferentes setores da sociedade. “Nós tivemos um 2020 muito positivo no enfrentamento à pandemia, com a menor letalidade do estado de São Paulo, mas no fim de janeiro identificamos aqui a cepa de Manaus, variante brasileira do coronavírus”, relembrou. 

Em um primeiro momento, o município, que conta com pouco mais de 230 mil habitantes, adotou as medidas restritivas equivalentes à fase vermelha determinada pelo Governo do Estado de São Paulo, mas não conseguiu reduzir índices. Diante dos dados, a prefeitura decidiu adotar medidas mais rígidas. “Temos um comitê científico que dialoga conosco desde março [de 2020], agregamos a esse comitê científico profissionais da OPAS que estiveram em Manaus, pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da USP, ouvimos todos para construir a decisão”, explicou o prefeito Edinho. 

“Nós não tínhamos outro caminho […] Paramos o transporte público porque gerava aglomeração. Fechamos supermercados porque ir ao mercado [mostrou ser]  uma atividade de lazer para as famílias e os profissionais de saúde achavam que era necessário fechar. Fechamos os supermercados por 6 dias e depois reabrimos para não gerar desabastecimento.[…] Foi tudo monitorado e pactuado”, destacou o prefeito de Araraquara. 

Os limites da atuação do município e os desafios na interlocução com governos estaduais e federal também foram abordados no evento

“Nosso protocolo é completamente independente do protocolo do Governo de Minas e não há nenhuma interferência”, reforçou Alexandre Kalil.

Mas o prefeito ressaltou que existem alguns limites e desafios da atuação municipal na adoção de medidas restritivas, especialmente em uma metrópole como Belo Horizonte. Nosso fluxo de transporte público não pode parar, tanto para o profissional de saúde chegar ao lugar de trabalho como para o doente, principalmente o mais carente, chegar ao hospital”, explicou.

Alexandre Kalil destacou a ausência de coordenação nacional como um obstáculo para a adoção de medidas mais restritivas nos municípios. Segundo o gestor, um lockdown completo só seria possível com transporte metropolitano único, aeroportos fechados e a interrupção de ônibus intermunicipais e interestaduais. O que não ocorreu no Brasil. “Eu não tenho autoridade para impedir que ônibus de cidades fronteiriças, como Betim e Contagem, entrem em Belo Horizonte”, explicou. E complementou: “Qual autoridade eu tenho para parar um automóvel? Se houvesse uma ordem do Congresso, como foi no mundo inteiro, nós teríamos no Brasil um número escandalosamente menor de mortos”, afirmou. 

A comunicação e o diálogo com a sociedade ganharam destaque como ferramentas fundamentais na resposta à pandemia e adoção de medidas restritivas

De acordo com o prefeito de Araraquara, Edinho Silva, o processo de convencimento é mais eficiente do que o processo de fiscalização na adoção de medidas restritivas para conter a Covid-19 nos municípios. A população precisa estar convencida da importância de adotar os cuidados e bem informada sobre os critérios adotados pelo poder municipal. 

“Nós institucionalizamos a divulgação de todos os dados da pandemia. A cidade já sabe que se houver o risco de perdermos o controle da doença, vamos parar novamente. Se todos fizerem a sua parte, a cidade vai continuar funcionando”, explicou Edinho Silva. 

Assista ao encontro completo no vídeo.