Diretrizes para locais fechados
A atualização de protocolos municipais precisa, antes de tudo, reconhecer que os ambientes fechados ou mal ventilados são os que merecem maior foco de atenção e fiscalização porque o coronavírus se transmite pelo ar. Em ambientes fechados, o vírus vai se acumulando no ar e aumentando o risco de contágio por inalação de partículas em suspensão.1
As medidas com impacto mais relevante para evitar a transmissão em lugares fechados são a ventilação dos ambientes, o uso de máscaras de qualidade e da maneira correta, a redução no número de pessoas no local e a redução do tempo no ambiente.
Se não for possível abrir mão da climatização do ambiente, ainda assim é recomendável que não se utilize o modo de recirculação de ar, assim como se invista em equipamentos de filtragem do ar.
As medidas de higienização das mãos e das superfícies são insuficientes para a prevenção do Covid-19 porque o vírus se transmite majoritariamente pelo ar.
A medição de temperatura na entrada é uma medida de pouca eficácia porque pessoas assintomáticas transmitem o vírus e a febre não necessariamente é um sintoma da Covid-19.
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1Allen, Joseph G. et al (2021). “Indoor Air Changes and Potential Implications for SARS-CoV-2 Transmission”. JAMA. 2021;325(20):2112-2113. doi:10.1001/jama.2021.5053. Disponível em: https://jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/2779062 ; Leliveld, Jos et al (2020). “Model Calculations of Aerosol Transmission and Infection Risk of COVID-19 in Indoor Environments”. Int. J. Environ. Res. Public Health 2020, 17, 8114; doi:10.3390/ijerph17218114. Disponível em: https://www.mdpi.com/1660-4601/17/21/8114 . Ver também https://www.epa.gov/lep/ar-interno-e-coronavirus-covid-19
Como evitar a falsa sensação de segurança
O controle de temperatura na entrada de lugares fechados não tem benefício suficiente para compensar a aquisição de termômetros de aproximação, uma vez que uma grande parcela da transmissão ocorre por indivíduos que não apresentam sintomas, e mesmo a febre não é um sintoma predominante na Covid-19.
Além disso, o uso de álcool gel e a desinfecção de superfícies acabaram se mostrando muito menos relevantes do que se acreditava inicialmente. Ao contrário, cada vez mais vem sendo utilizada uma expressão que trata do foco excessivo em medidas pouco eficazes, em detrimento de outras mais importantes: “teatro de higiene”.
É importante evitar uma falsa sensação de segurança. O risco existe e a melhor estratégia é informar sobre os riscos e como reduzi-lo, estando ciente que, mesmo “seguindo todos os protocolos”, o contágio ainda é uma possibilidade.
A medida com impacto mais relevante para evitar a transmissão em lugares fechados está relacionada à ventilação dos ambientes, reduzindo a concentração de partículas potencialmente contaminadas em suspensão no ar, evitando que as pessoas inalem tais partículas. Além disso, o uso de máscaras de boa qualidade, bem ajustadas ao rosto é fundamental, garantindo que as partículas potencialmente contaminadas não passem por vãos entre a máscara e o rosto.
Além disso, pessoas vacinadas ainda precisam usar máscaras, até que haja ampla cobertura vacinal da população do município, pois embora a vacina previna contra o adoecimento grave, pessoas vacinadas ainda podem transmitir o vírus.